A Agência de Segurança do Medicamento, na França, avisa que nenhum anti-inflamatório não esteroide deve ser tomado a partir do sexto mês da gravidez. Segundo a revista médica “Prescrire”, riscos de efeitos graves para o feto existem desde o primeiro trimestre
Por: Cécile Thibert. Le Figaro Santé
Utilizados para aliviar as dores (articulares, musculares, dentárias, ginecológicas, enxaquecas e dores de cabeça, etc), a febre e a inflamação, os anti-inflamatórios não esteroides (AINS) possuem várias virtudes. Com exceção, como lembrou esta semana a Agência Nacional de Segurança do Medicamento (Anms), para as mulheres grávidas de seis meses ou mais, que os devem evitar de modo total. A advertência é motivada pelo fato de que, na França, numerosas mulheres grávidas (entre 5 mil a 8 mil por ano) recebem prescrições de AINS, apesar das contraindicações difundidas desde 2009 pelas autoridades sanitárias do país.
Até mesmo uma única dose dessas moléculas expõe o feto a um risco aumentado de insuficiências cardíacas e renais, irreversíveis e até mesmo mortais. Segundo a Ansm, esse risco surge a partir do começo do sexto mês de gravidez (ou seja, desde o final do 5O mês ou da 24a semana de amenorreia. Além disso, a Agência esclarece que dois anti-inflamatórios não esteroides, o celecoxibe (Arcoxia) e o etoricoxibe (Celebrex), são contra-indicados durante toda a duração da gravidez.
Segundo a revista médica “Prescrire”, que lançou uma primeira advertência em março de 2006, os AINS são perigosos não apenas na segunda metade da gravidez, mas também no primeiro trimestre, por causa de um risco aumentado de falso parto relatado em vários estudos. Desde março de 2007, a revista recomendava que fossem evitados “por prudência” os AINS desde o início da gravidez. A Ansm, por seu lado, lembra que esses medicamentos só devem ser utilizados em último caso, quando forem realmente indispensáveis, e na dose eficaz a mais fraca possível e durante o menor tempo.
Grande vigilância
Como reconhecer esses medicamentos, muitas vezes utilizados na auto-medicação? Nós os encontramos sob diferentes formas: comprimidos, pílulas, gels, cremes, supositórios, colírios, etc). Não importa qual seja o seu modo de administração, eles apresentam riscos.Em março de 2008, a Agência de Segurança do Medicamento relatou o caso de uma mulher grávida, fisioterapeuta, que 2 a 3 vezes por semana utilizava nas massagens que efetuava sem luvas de proteção, um gel à base de ácido niflúmico, um AINS. Uma ecografia na 22 a semana de gravidez, mostrou um uma diminuição dos movimentos do feto. Por esse motivo ela suspendeu imediatamente o uso daquela substância e ao termo da gravidez a sua criança nasceu sem maiores problemas.
Aconselha-se portanto que as mulheres grávidas se inteirem dessas informações, e que mantenham consigo uma lista dos nomes comerciais desses medicamentos (aspirina, aspro, ibuprofeno, cetoprofeno, diclofenac, etc). Convem também evitar os medicamentos que contêm vários antálgicos, de modo a se evitar o risco de exposição aos AINS. Até o 5o mês de gravidez, recomenda-se às grávidas pedir aconselhamento a seus médicos, enfermeiros, ou aos farmacêuticos antes de tomar um AINS.
O paracetamol, o medicamento mais prescrito na França, é uma alternativa inofensiva para a criança que vai nascer, desde que a posologia correta seja respeitada. Ele está presente no Doliprane, o Dafalgan e o Efferalgan.