Defesa de Lula critica perguntas de Moro em depoimento

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Na avaliação de advogados do petista, perguntas de juiz federal sobre sítio e Mensalão pretendiam fazer um julgamento político do governo do ex-presidente

Em entrevista coletiva concedida na noite desta quarta-feira, a defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou a elaboração, pelo juiz Sergio Moro, de questões alheias ao processo do qual fazia parte o depoimento. “Moro buscou saber até mesmo a opinião a respeito do julgamento no STF e políticas públicas em seu governo”, afirmou o advogado Cristiano Zanin Martins.

O interrogatório de Lula por Moro durou cerca de cinco horas e era voltado a analisar uma acusação de que o ex-presidente favoreceu a empreiteira OAS em contratos com a Petrobras e que, em troca, recebeu vantagens orçadas em cerca de 3,7 milhões de reais, para a reserva e reforma de um apartamento tríplex no Guarujá. Lula negou ter feito qualquer opção de compra do apartamento, que quem cogitava a aquisição era a ex-primeira-dama Marisa Letícia Lula da Silva (falecida em fevereiro) e que o empresário Léo Pinheiro, proprietário da OAS, utilizou o nome dele indevidamente para obter um acordo de delação premiada.

No entanto, os defensores criticaram que, além do imóvel, foram citadas outras questões. “O juiz Sergio Moro buscou saber até mesmo a opinião a respeito do julgamento no STF e políticas públicas em seu governo”, disse Zanin. Segundo ele, Moro quis saber a opinião de Lula sobre o julgamento do mensalão. Na avaliação do advogado, isso só reforçou o argumento da defesa de que se trata de “um processo jurídico para fins políticos”.

O advogado do ex-presidente Lula e da esposa Marisa Letícia, Cristiano Zanin, concede entrevista coletiva em São Paulo (SP) - 14/09/2016
O advogado Cristiano Zanin Martins, que defende o ex-presidente Lula (Nacho Doce/Reuters)

O advogado disse que Lula também foi questionado sobre a posse de um sítio de Atibaia, que também não está no escopo da ação penal para a qual o ex-presidente prestou depoimento nesta quarta-feira. “É evidente que ele jamais poderia ter sido perguntado nessa linha de dar opinião sobre julgamento no Supremo ou atos de seu governo, o que mostra na verdade é o que está em discussão não é o triplex, mas o governo do ex-presidente Lula, eleito democraticamente”, disse.

Martins afirmou que a assessoria jurídica orientou o ex-presidente a responder apenas ao que está na denúncia. O advogado José Roberto Batochio afirmou que os procuradores se interessaram em perguntar sobre os custos do armazenamento dos presentes recebidos por Lula durante seu mandato como presidente. “O depoimento mostrou duas coisas: sua inocência, que não é proprietário do triplex e não participou de qualquer ato ilícito na Petrobras”, disse.

(Com Estadão Conteúdo)