SECRETÁRIA DA MULHER VISITA MARIA ALAÍDES DA COMUNIDADE DE LUDOVICO (LAGO DO JUNCO)

Peritoró e Região

Na semana passada, a secretária Municipal de Políticas para as Mulheres, Janne Glêb fez uma visita ao povoado de Ludovico (município de Lago do Junco), para conhecer a cooperativa de fabricação de sabonetes de coco babaçu. Na ocasião, ela foi recebida pela líder da Associação das Mulheres Trabalhadoras Rurais de Lago do Junco e Lago dos Rodrigues, a ex-vereadora Maria Alaídes.

Mulher forte e guerreira que mudou uma história

Na proposição de uma homenagem da secretária da Mulher, Janne Glêb e do secretário de Articulação Política e Relações Institucionais, Allan Roberto, a Assessoria de Comunicação da Prefeitura de Pedreiras publica a história de vida desta mulher guerreira do interior maranhense, como um exemplo de nobreza e bravura em favor das quebradeiras de coco babaçu do Maranhão.

Maria Alaídes foi vereadora, tendo sido a primeira parlamentar a ter proposto a criação da Lei do Babaçu Livre. Em 1997, no município de Lago do Junco, as quebradeiras de coco conseguiram a aprovação do projeto de sua autoria.  A luta foi iniciada pela Associação de Mulheres Trabalhadoras Rurais de Lago do Junco e de Lago dos Rodrigues.

Dois anos depois, foi a vez do município de Lago dos Rodrigues, onde a associação local de mulheres trabalhadoras rurais conseguiu a aprovação da Lei Babaçu Livre (nº 32/99).  Em dezembro de 1999, em Esperantinópolis, foi aprovada a Lei nº 255/99.  Em setembro de 2001, a secretaria da mulher do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais lutou e conseguiu a aprovação da Lei nº 319/2001 no município de São Luiz Gonzaga do Maranhão.  Nesse município, as quebradeiras conquistaram, ainda, a aplicação de advertência e penalidades, medidas que até então não estavam contempladas em lei. 

Segundo a vereadora e quebradeira de coco Maria Alaíde, a luta das quebradeiras incluiu a proteção das palmeiras de babaçu, desde junho de 1986, amparadas pela Lei Estadual nº 4.734, que proíbe a sua derrubada.  Recentemente, a lei sofreu sua luta e de suas companheiras.

A sua luta era em defesa das quebradeiras de coco, mulheres do interior do Maranhão, contra os grandes latifundiários. Estes estavam destruindo os babaçuais para plantar capim para o gado, diminuindo e praticamente extinguindo as atividades de extrativismo vegetal, fonte de renda e sustento das famílias das quebradeiras de coco. Com a força dos jagunços armados, os fazendeiros enxotavam as mulheres de suas propriedades, até mesmo com requintes de crueldade.

Foi então que ela teve a ideia da criação de uma lei, garantindo o livre acesso aos babaçuais e a liberdade da extração, afirmando, por lei, que o babaçu não tem dono no Maranhão, e que sua propriedade é, de fato e de direito, das quebradeiras de coco que vivem do extrativismo, e assim sendo, o dono da terra não é o dono das palmeiras de babaçu, não tem direito ao exclusivo usufruto desta riqueza.

A Lei do babaçu Livre tomou grandes dimensões, com a publicação e veiculação de várias reportagens nos grandes meios de comunicação do Brasil, chegando ao reconhecimento internacional, o que levou a vereadora Maria Alaídes, a ser condecorada pela Organização das Nações Unidas (ONU).

Sua luta é comparada a de Chico Mendes, e sua história é tratada com o mesmo valor histórico e moral de mulheres como Margarida, em Peranambuco; e Irmã Dorothy, do Pará, ambas assassinadas pelos seus ideais e suas lutas.

Maria Alaídes está viva, apesar do câncer, que a fragiliza fisicamente, mas mesmo assim, se mantém forte nos seus ideais e na sua trajetória de lutas, hoje com a cooperativa que extrai o mesocarpo e o azeite, a partir do coco babaçu, que alimenta a industrialização de sabonetes, além de outros derivados. Com o trabalho da cooperativa, outra batalha foi ganha pelas quebradeiras de coco babaçu, com a retirada de cena da figura do atravessador, que comprava o produto a preço miserável e repassava levando todo o lucro, ficando rico às custas do suor das mulheres trabalhadoras.

Maria Alaídes ilustra o exemplo das mulheres que têm força, que são determinadas, guerreiras e vencedoras, apesar de todas as dificuldades.