terça-feira, maio 06, 2025

Carlos Lupi pede demissão após escândalo no INSS; Wolney Queiroz assume Ministério da Previdência

Política

O ministro da Previdência Social, Carlos Lupi (PDT), anunciou sua demissão do governo nesta sexta-feira (2), em meio à crise gerada pelo escândalo de fraudes bilionárias no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), vinculado à sua pasta.

O pedido de exoneração foi oficializado por meio de uma publicação em rede social, na qual ele agradeceu ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pela confiança.

“Entrego, na tarde desta sexta-feira (02), a função de Ministro da Previdência Social ao Presidente Lula, a quem agradeço pela confiança e pela oportunidade”, escreveu.

Lupi, que é presidente licenciado do PDT, ocupava o cargo desde o início do atual governo, há dois anos e quatro meses.

Seu substituto será o ex-deputado Wolney Queiroz, que atuava como secretário-executivo do ministério e já era apontado como o nome da preferência do partido e do Planalto.

A saída de Lupi já era dada como certa nos bastidores do governo desde que a Polícia Federal e a Controladoria-Geral da União revelaram um esquema de fraudes envolvendo descontos indevidos nas aposentadorias e pensões de milhões de brasileiros.

Apesar de não ser citado diretamente nas investigações, Lupi ficou politicamente enfraquecido. A própria cúpula do PDT vinha aconselhando sua saída para conter o desgaste.

“Faço questão de destacar que todas as apurações foram apoiadas, desde o início, por todas as áreas da Previdência, por mim e pelos órgãos de controle do governo Lula”, afirmou o ex-ministro, alegando que nunca foi citado nas investigações.

A crise se intensificou após a demissão, na semana passada, de Alessandro Stefanutto, presidente do INSS indicado por Lupi. O Palácio do Planalto decidiu nomear o procurador federal Gilberto Waller Júnior para o comando do instituto, ignorando tentativas de blindagem feitas por Lupi.

Em seu pronunciamento no Dia do Trabalhador, Lula afirmou que vai garantir o ressarcimento às vítimas e determinou que a Advocacia-Geral da União processe as associações responsáveis pelas cobranças ilegais.

Segundo investigação da Polícia Federal, o esquema teve início em 2019, durante o governo de Jair Bolsonaro, e continuou até 2024. As fraudes consistiam no cadastro de aposentados, sem autorização, em associações de classe, com o uso de assinaturas falsas.

A partir daí, eram realizados descontos indevidos nas folhas de pagamento dos beneficiários. O prejuízo estimado é de R$ 6,3 bilhões.

As investigações revelaram que o lobista Antonio Carlos Camilo Antunes, conhecido como “Careca do INSS”, é apontado como o principal operador do esquema.

Ele seria sócio de 22 empresas registradas em um mesmo endereço em Taguatinga, no Distrito Federal, usadas para movimentação e lavagem de dinheiro.

Entre os bens apreendidos na operação estão joias, relógios, quadros, carros de luxo — incluindo uma Ferrari — e até US$ 200 mil em espécie.

Além das investigações e da pressão política, Lupi também enfrentava críticas dentro do governo pelo fracasso em eliminar a fila de espera por perícias do INSS, uma promessa feita desde o início da gestão.

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