Barra do Corda: Comerciante morre após ficar detido em cela a céu aberto, no Maranhão

Notícia Geral

Familiares denunciam negligência da polícia, delegado rebate acusações e investiga causas da morte do comerciante de 40 anos

O comerciante Francisco Edinei Lima Silva, de 40 anos, morreu na última terça-feira, após ficar preso em uma jaula nos fundos de uma delegacia da Polícia Civil, em Barra do Corda. O local não tem banheiro, teto e água encanada.

Edinei estava detido, pois teria dirigido sob o efeito de bebida alcoólica e se envolveu em um acidente com uma moto e não recebeu atendimento médico necessário por causa de seu problema com hipertensão e a falta do remédio controlado.

“Se trata de uma ala da nossa carceragem, que é destinada para presos provisórios, até serem atendidos pela autoridade policial competente. Após o atendimento ele é transferido para uma outra cela, com outros presos, ou liberado, de acordo com as circunstâncias”, explicou o delegado Renilton Ferreira

Edinei se envolveu em um acidente de trânsito na BR-226, que passa por Barra do Corda. O carro, que ele dirigia, bateu de frente com uma moto. O motociclista, identificado como Gustavo, foi socorrido e levado para o hospital de Presidente Dutra, enquanto Edinei foi encaminhado para um hospital de Barra do Corda.

Segundo a família de Edinei, ele foi medicado e liberado na UPA de Barra do Corda, antes de ser levado pelos policiais. Os familiares alegam que houve negligência do hospital, pois o comerciante sofreu com fortes dores de cabeça e mau estar.

“Se tivesse estabilizado a pressão dele. Esperasse ele tomar o medicamente e água, não ficar exposto sol, que ele ficou na delegacia, ele estaria aqui com a gente”, denuncia Hellen Cristina, afilhada da vítima.

 

  

A família conta que o comerciante ficou dentro de uma gaiola com mais dois presos sem assistência médica. Segundo os familiares, a polícia sabia que Edinei tinha hipertensão e precisava de medicamento controlado.

“A mãe dele pediu ‘pelo amor de Deus’ e todo mundo pediu para levar uma água, para levar um medicamento. Tudo foi recusado. Negligência total. A gente não teve condição nem para fazer uma visita rápida”, diz o cunhado da vítima Adão Alves.

O delegado Renilton Ferreira contesta as afirmações da família. “A todo tempo, seu Francisco esteve acompanhado dos advogados. Se ele tivesse qualquer necessidade física, de saúde ou mesmo de não respeito aos direitos humanos dele, caberia ao advogado fazer um requerimento junto à autoridade policial”.

O corpo de Edinei foi encaminhado para o IML de Imperatriz. Em Barra do Corda, a polícia investiga o caso.

“A polícia agora trabalha para investigar. Ouvir todas as pessoas, inclusive presos que estavam próximos ou juntos ao seu Francisco, para saber como todos os fatos ocorreram. Já solicitamos o prontuário médico de atendimento das duas ocorrências na UPA de Barra do Corda, para chegar a conclusão do que motivou a sua morte”, disse o delegado.

A direção da UPA de Barra do Corda, onde o comerciante foi atendido antes de ser preso, não se pronunciou sobre o caso.

Fonte: G1