A popularidade do presidente brasileiro Jair Bolsonaro não só vem mantendo a tendência de queda registrada em todos os meses posteriores ao da sua posse, como se intensificou a ponto de chegar antes do que se esperava a uma virada para um saldo negativo.
Às vésperas de cumprir 100 dias de mandato, o mandatário já tem uma primeira pesquisa apontando que seu índice de rejeição supera o de aprovação. Se trata da medição realizada pelo Atlas Político nos dois primeiros dias deste mês, com cerca de 2 mil entrevistados, e publicada pelo jornal espanhol El País nesta sexta-feira (5/4) (clique para ler).
Os números mostram que são 30,5% os que afirmam ser “boa” ou “ótima” a gestão do ex-militar, abaixo dos 31,2% que a consideram “ruim” ou “péssima”. Os que a qualificam como “regular” (nem positiva, nem negativa) são 32,4%.
A queda no apoio ao governo não é uma situação inédita no Brasil pós-ditadura – Fernando Collor de Mello e Michel Temer também tiveram começos conturbados –, mas o fenômeno não deixa de chamar a atenção, pois Temer já começou seu mandato sendo bastante rejeitado, enquanto Collor teve sofreu os efeitos de suas medidas de confisco das poupanças.
Bolsonaro, por sua vez, iniciou sua gestão com alto grau de otimismo sobre seu governo e vem experimentando uma queda vertiginosa em tempo recorde. Em fevereiro deste ano, a mesma pesquisa apontou que eram 38,7% as pessoas que aprovavam a sua gestão. Além dos 8,2% menos com relação à cifra de abril, há o contraste com os mais de 50% do otimismo inicial antes de sua posse.
Também em fevereiro, eram 22,5% que rejeitavam o governo, o que significa um aumento de 9,3% nos índices de percepção negativa nestes 2 meses. Já o grupo dos que percebem o governo como regular teve um crescimento de 2,8%.
Já a avaliação da imagem pessoal de Bolsonaro, embora ainda esteja relativamente alta, pela primeira vez mostrou um índice abaixo da média: são 49,5% os que têm uma impressão positiva de Jair Bolsonaro como pessoa.
Reforma, ministros, Lula e o PT
Se de avaliação pessoal falamos, um dos ministros supera bastante a avaliação do presidente: falamos do ex-juiz Sérgio Moro que tem 61,5% de imagem positiva.
O magistrado ganhou notoriedade entre o público de direita ao ser o responsável pelo processo contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e por sua primeira condenação, no caso do tríplex no Guarujá, que o levou à prisão e à impossibilidade de disputar as eleições de 2018, na qual era favorito. A sentença de Moro foi crucial para garantir a vitória eleitoral de Bolsonaro, e por isso sua nomeação ao Ministério da Justiça causou controvérsia.
O outro dos ministros mais badalados do governo Bolsonaro não desfruta de tanto prestígio: Paulo Guedes, responsável pelo Ministério da Economia, possui somente 46,7% de imagem favorável. Já a reforma da Previdência que ele tenta impulsar teve o apoio de somente 43,9% das pessoas entrevistadas, contra 45,7% de rejeição.
Sobre a prisão de Lula da Silva, 58% disseram ser favoráveis à atual situação do ex-presidente. O número é muito menor que os 87% de entrevistados que dizem ser favoráveis a uma possível condenação e prisão do ex-presidente Michel Temer.
Ademais, e apesar da opinião favorável à prisão de Lula, o PT continua sendo o partido com maior apoio entre os entrevistados, como 15,8%. O segundo mais citado foi o PSL de Bolsonaro, com 5,5%. Contudo, a maioria (60%) dizem não apoiar nenhum partido.
Do Portal Carta Maior