Resto da ponte que desabou entre o Maranhão e o Tocantins passará por implosão; saiba como será

Política

Está prevista para as 14 horas deste domingo, 2, a implosão da estrutura que restou da Ponte Juscelino Kubitschek de Oliveira, na BR-226, que liga o Tocantins e o Maranhão. O vão central da estrutura desabou na tarde de 22 de dezembro, deixando 17 mortos.

Segundo o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), órgão federal responsável pela implosão, será usada a técnica “do fogo controlado, que utiliza o calor intenso e explosivos estrategicamente posicionados para fragmentar formações rochosas”.

Essa técnica é indicada quando não é possível posicionar maquinário pesado sobre a estrutura por conta do risco de novos desabamentos.

O procedimento consiste em dispor explosivos nas estruturas remanescentes da ponte e fazer uma explosão controlada. Os explosivos são dispostos de forma a criar uma linha de fratura que provoque a queda de toda a estrutura. Além disso, eles são posicionados de forma a gerar o menor volume possível de detritos e a evitar que caiam em locais não desejados.

“A estrutura remanescente será implodida por meio de explosivos estrategicamente posicionados. O fogo, no caso, é usado para iniciar a detonação”, explica o engenheiro Gerardo Portela, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, doutor em Gestão de Riscos. “Essas cargas serão explodidas de forma a provocar o colapso dos elementos estruturais, fazendo com que o que resta da ponte seja implodido, ou seja, colapse sobre si mesmo.”

Dentro de um perímetro de segurança de 2.148 metros em Estreito (MA) e de 2.136 metros em Aguiarnópolis (TO), toda a área será evacuada horas antes da implosão por medida de segurança preventiva. Na quinta-feira, 30, técnicos responsáveis pela ação vistoriaram as casas próximas à ponte que estão no perímetro de segurança, tanto do lado do Maranhão, quanto do Tocantins. Segundo o DNIT, nenhuma das casas será impactada.

“O perímetro de segurança é calculado de acordo com a estrutura a ser implodida e a carga de explosivo usada”, acrescenta Portela. “É preciso avaliar se haverá uma onda de choque e por quantos metros – ou até mesmo quilômetros – ela pode se propagar. Também é calculada a trajetória dos fragmentos da própria estrutura e do que pode ser levantado do solo, podendo atingir pessoas ou patrimônio.”

O DNIT informou ainda que a população local está sendo comunicada sobre todas as etapas do procedimento e também das medidas de segurança a serem adotadas para evitar o trânsito de veículos e pessoas dentro do perímetro de segurança.

As atividades no Rio Tocantins também estarão suspensas. Um alarme em três etapas costuma anunciar o início das detonações.

Em áreas densamente povoadas, quando não há possibilidade de isolar completamente a estrutura a ser implodida, engenheiros costumam usar um equipamento chamado martelo rompedor hidráulico. Trata-se de uma máquina com uma ponta vibratória que faz a demolição de forma mais localizada.

O processo, no entanto, é muito mais lento. No caso específico da ponte, especialistas concluíram que as partes remanescentes não aguentariam o peso do maquinário.

“Se tudo for feito de acordo com as boas práticas da engenharia, não há motivo de receio”, afirma Portela. “São cálculos dominados, uma tecnologia muito madura, usada no mundo todo com segurança.”

O vão central da ponte desmoronou às 14h50 do dia 22 de dezembro. No desabamento, caíram no Rio Tocantins três motocicletas, um carro, duas caminhonetes e quatro caminhões, sendo que dois deles levavam 76 toneladas de ácido sulfúrico e 22 mil litros de defensivos agrícolas.

Segundo o DNIT, a causa do colapso ainda está sendo apurada. A Polícia Federal também abriu investigação para apurar responsabilidades pela queda da estrutura. (Estadão)

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