Tornar o Maranhão um território livre do analfabetismo, universalizar o ensino superior no Estado, além de ter escolas de tempo integral em todas as cidades maranhenses. São essas as três metas primordiais que o vice-governador eleito, Felipe Camarão (PT), elencou em entrevista ao Diário 98 que ele quer priorizar no Maranhão nos próximos quatro anos.
Segundo dados extraídos da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD) de 2019, o Maranhão tem a quarta taxa de analfabetismo do país, com 15,6% da população, ficando atrás apenas de Alagoas (17,1%), Paraíba (16,1%) e Piauí (16%).
Ex-secretário de Educação de Flávio Dino (PSB), Camarão diz ser possível atingir essas metas após os últimos anos “ter preparado o terreno”, como ele define as políticas estruturantes na área em que ele comandou a pasta na gestão dinista: escolas de tempo integral implementadas, construção e reformas de mais de 1.500 estabelecimentos de ensino no programa Escola Digna, entre outras.
Camarão ressalta também os avanços da gestão Dino na área da educação: o maior salário de professor estadual do país e o maior IDEB da sua história. O Maranhão possui 49 IEMAs com Ensino Médio Técnico de Tempo Integral e Cursos Profissionalizantes. Ou seja, o caminho para avançar está traçado, segundo Felipe.
“E agora a gente tem o que eu posso chamar de tempestade perfeita para o Maranhão“, diz Felipe. “Saímos do pesadelo de ter o Bolsonaro, de ter a pandemia, de ter sofrido golpe e passamos a ter o governo do presidente Lula“.
Felipe acredita que com o governo de Lula o Maranhão terá mais atenção do governo federal, jogado à própria sorte durante a pandemia de Covid-19 na gestão Bolsonaro. Felipe critica principalmente a gestão bolsonarista por não ter articulado com estados e municípios ações para mitigar o impacto da situação emergencial de saúde. “Nunca nos ajudou na época da pandemia. Não priorizaram a vacinação de professores. Quem fez isso foram os prefeitos e governadores”, relembrou.
Confira abaixo os principais trechos da entrevista:
D98 – O PSB elegeu o senador Flávio Dino, reelegeu Brandão, e fez uma bancada de 11 deputados estaduais no Maranhão. Como você avalia o resultado da eleição no Maranhão este ano?
Felipe Camarão: Eu julgo que foi uma eleição importantíssima para o Maranhão, uma eleição que consolidou uma liderança não apenas do senador Flávio Dino. É importante ressaltar que o Flávio se consolidou como a nossa maior liderança política do Maranhão. Mas foi além disso, consolidou uma vitória de um campo político da centro-esquerda, liderada por ele.
O Flávio é o senador mais bem votado da história do Maranhão. Esse é um detalhe importante, porque o Weverton tinha sido o senador mais bem votado com dois senadores disputando, e o Flávio agora é o senador superando essa votação com um único voto.
Nós elegemos deputados estaduais de destaque, como Carlos Lula, ex-secretário de Saúde e presidente do CONASS, além do Rodrigo Lago e ex-secretário de várias pastas do nosso governo, o Duarte Júnior, que era deputado estadual, eleito deputado federal, muito bem votado do nosso campo. Reelegemos o Rubens Júnior pelo PT, que é também do nosso campo. Consolidamos a reeleição do Márcio Jerry, que veio também despontando desde o primeiro mandato do Dino, entre outros que eu posso destacar que foram revelados pelo governo do Flávio.
Então eu vejo que nos consolidamos como um estado de liderança forte do Flávio e do Carlos Brandão, nesse segundo turno nós três nos envolvemos muito na campanha do Lula. O Flávio foi convidado para coordenar uma das importantes pastas na transição. Provavelmente será ministro.
O Brandão se consolida como a nossa maior liderança política hoje no Estado. O Flávio é o líder nacional, é o líder do campo político. E agora a gente tem o que eu posso chamar de tempestade perfeita para o Maranhão. Saímos do pesadelo de ter o Bolsonaro, de ter a pandemia, de ter sofrido golpe e passamos a ter o governo do presidente Lula, o Flávio no Senado como um grande líder nacional.
Quais são as perspectivas para o Maranhão agora que o Brasil tem um presidente democrata eleito?
Bolsonaro era um presidente infantil, infantilóide. Ele fazia birra na Presidência. Era uma coisa que chegava a ser ridícula. A gente fazia um pedido, uma ação pública, governamental e republicana e ele queria fazer o oposto.
Por exemplo, nós do Nordeste apostamos em escolas em tempo integral, e ele queria empurrar goela abaixo escola cívico-militar, que nós não somos contra, sabe? Mas todos os países desenvolvidos e todos os estados que melhoraram seus Ideb’s no sentido das escolas em tempo integral.
Então, uma das características que eu posso te falar que vai melhorar com Lula é a educação porque vai ter diálogo. Na pandemia nós atuamos sozinho. Você pode perguntar pra qualquer secretário estadual de educação como eu fui, por mais de seis anos, ou a qualquer secretário municipal de Educação: nenhum ministro do governo Bolsonaro convidou nenhum secretário estadual municipal para dialogar.
Nunca nos ajudou na época da pandemia. Não priorizaram a vacinação de professores. Quem fez isso foram os prefeitos e governadores. Não apostou em educação em tempo integral, não os ajudou na alfabetização de jovens, adultos e crianças. Não apostou no pacto pela aprendizagem. Quem fez isso? Os governadores, os secretários, os prefeitos.
Então, aposto muito que o Lula vai melhorar a educação do nosso país, com grande pacto com prefeitos, governadores, como ele já anunciou. Alfabetizar a criança na idade certa, expandir novamente o ensino superior, apostar em educação em tempo integral são caminhos, né?
Melhorar a qualidade da alimentação escolar, apostar no Fundeb de qualidade, valorização dos professores, formação inicial adequada, formação em serviço. Quer dizer, são coisas que a gente tem que discutir.
A segunda coisa que eu acho que o Lula vai nos ajudar muito: a pauta da saúde pública, que é uma grande aposta do Flávio, do Brandão. Nós temos um custeio muito pesado na saúde pública aqui do Maranhão. E o Brandão não esconde de ninguém que uma das pautas que ele levará o presidente Lula é ajuda na área da saúde.
Tá aí o Carlos Lula, que foi presidente do CONASS, sempre batemos muito nisso, porque o Bolsonaro era um cloroaquiner, terraplanista, contra o uso de máscara e contra a vacinação. Então ele era contra a saúde pública.
Nós não conseguimos ajuda pra nada. Todas as policlínicas, os hospitais macrorregionais, tudo aquilo que o Flávio fez aqui na saúde pública, com o atual deputado estadual eleito Carlos Lula, foi graças ao esforço deles e do Carlos Brandão, como então vice-governador.
Então nós apostamos muito que agora o Lula vai ajudar o Brandão na área da saúde, na manutenção dessa rede pública de saúde que nós temos.
E quanto à área de moradia?
Tenho certeza também que Lula vai ajudar muito o governador Brandão na área de saneamento básico que nós precisamos para grandes cidades, como nossa capital São Luís, como Imperatriz e finalmente o Minha Casa, Minha Vida.
Lula construiu milhares de casas aqui no Maranhão, ele e a nossa querida ex-presidente Dilma, mais de 40.000 casas. E ele quando veio aqui no Maranhão reforçou que vai fazer voltar o Minha Casa, Minha Vida. Isso é bom pra nós, porque reduz o déficit habitacional, fomenta emprego, fomenta renda, mexe na economia. E nós estaremos de braços abertos para receber de novo o Minha Casa, Minha Vida aqui no Maranhão.
Qual a marca que você gostaria de imprimir como vice-governador do Maranhão?
O Brandão já me perguntou sobre isso e eu disse a ele que, se ele puder me dar de presente isso eu quero ser um grande conselheiro dele na área da educação, especialmente. Eu acho que nós temos alguns macro desafios em várias áreas.
Na área da educação eu disse ao Brandão: a primeira grande meta é tornar o Maranhão um território livre do analfabetismo. Isso é possível no governo dele. Alfabetizar quase um milhão de maranhenses é possível com nós dois liderando.
Segundo, universalizar o ensino superior no Maranhão. O Piauí fez quando o PT era governo. E a gente pode fazer isso porque nós já temos escolas em tempo integral, nós já temos IEMA’s, e a gente pode usar essas estruturas para oferecer o ensino superior à noite.
E a terceira grande marca: escolas em tempo integral em todas as cidades do Maranhão, porque é uma grande saída para melhorar o Ideb, para melhorar a educação do nosso estado.
Então, se o governador me der a honra de ajudá-lo como conselheiro, como auxiliar dele, para imprimir essas três marcas que eu não consegui como secretário, porque eu estava com o Flávio preparando o terreno para este momento, eu me sentirei muito realizado como vice governador do Maranhão, porque tenho certeza que o Brandão vai liderar o Maranhão nas outras áreas.
Diário98