Rodrigo Janot questiona a isenção do ministro pelo fato de sua mulher trabalhar para um escritório que atende o empresário Eike Batista
O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pediu nesta segunda-feira ao Supremo Tribunal Federal (STF) que afaste o ministro Gilmar Mendes da relatoria do habeas corpus do empresário Eike Batista e que anule todos as decisões tomadas por ele no processo, inclusive a que determinou a sua soltura em abril.
“Por tal motivo, suscita-se a presente arguição contra o ministro Gilmar Ferreira Mendes a fim de que se reconheça a sua incompatibilidade para funcionar no processo em questão, bem como para que se declare a nulidade dos atos decisórios”, escreveu Janot, no pedido.
O procurador solicitou que o pedido de impedimento de Mendes seja analisado pelo plenário do STF. Também requisitou os depoimentos do ministro, da sua mulher, de Eike e de Sérgio Bermudes. Agora, cabe à presidente da Corte, Cármen Lúcia, decidir quando levará o caso a julgamento.
No site do escritório de advocacia, a mulher de Mendes figura como membro junto com outros 80 advogados. Formada em direito na Universidade de Brasilia (UNB), ela já trabalhou no Ministério da Justiça, Tribunal Superior do Trabalho (TST), Tribunal Superior Eleitoral (TSE), STF e para os ministros Carlos Ayres Britto e Marco Aurélio Mello.
Segundo apuração da PGR, Guiomar é responsável pela filial do escritório em Brasília na condição de sócia, “tendo participação nos lucros, obtidos mediante recebimento de honorários dos respectivos clientes, um dos quais é exatamente Eike Batista”, diz o texto. “A situação evidencia o comprometimento da parcialidade do relator”, completa.
O procurador pediu que o ministro Gilmar Mendes preste depoimento. Além disso, também requeriu a oitiva, como testemunhas, da mulher do ministro, Guiomar Mendes, de Sérgio Bermudes e de Eike Batista.
Eike Batista é réu pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro na 7ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro por ter supostamente repassado propina para o grupo criminoso do ex-governador do Rio Sérgio Cabral (PMDB). O dinheiro sujo teria sido pago para conseguir facilitações para as empresas da companhia EBX.
Fonte: Veja.com