Cidade Verde
O médico Mariano de Castro Silva, 41 anos, foi encontrado morto no apartamento em que morava com a irmã no bairro Ininga, na zona Leste da Capital. Ele era investigado pela Polícia Federal e considerado um dos principais operadores do esquema que desviou R$ 18 milhões e 345 mil de recursos públicos federais enviados entre 2015 e 2017 ao governo do Maranhão para cuidar da saúde da população.
O corpo foi encontrado na noite de quinta-feira (12) pela irmã dele. No local, equipes do Departamento de Homicídio e Proteção a Pessoa do Piauí (DHPP) foram ao local e apreenderam uma carta com cinco páginas, um celular e um notebook.
“O material foi recolhido e encaminhado ao Instituto de Criminalística para ser periciado. Sobre a carta será analisado se foi escrita por ele, o seu estado emocional e o conteúdo. O médico legista e o perito de local de crime disseram que há indícios de suicídio. Contudo, o DHPP segue um protocolo rígido. Primamos pela qualidade de investigação”, enfatiza Francisco Costa, o Baretta, diretor do DHPP.
Segundo o delegado, equipes da Polícia Federal no Maranhão estiveram no Piauí na sexta-feira (13).
O médico piauiense usava tornozeleira eletrônica e cumpria prisão domiciliar no apartamento. Em novembro de 2017, o médico foi preso pela Polícia Federal.
No Maranhão, ele ocupou os cargos de chefe do Serviço de Atendimento de Urgência (SAMU), na Prefeitura de Coroatá e de assessor da Secretaria de Estado da Saúde (SES).
Em nota, a Secretaria de Estado da Saúde lamentou a morte do ex-servidor e disse lamentar ainda que o médico tenha sido “vítima do período absolutamente autoritário que vive o Brasil, com restrição de direitos, presunção de culpa e ofensa a preceitos fundamentais da Constituição”.
Investigação da PF
A Operação Pegadores é continuação da Operação Sermão aos Peixes e segundo a PF, durante as investigações conduzidas em 2015 foram coletados indícios de que servidores públicos que exerciam funções de comando na Secretaria de Estado da Saúde naquele ano montaram um esquema de desvio de verbas e fraudes na contratação e pagamento de pessoal.
As investigações indicaram a existência de 424 pessoas que teriam sido incluídas indevidamente nas folhas de pagamentos dos hospitais estaduais sem a prestação de serviços às unidades hospitalares. Os beneficiários do esquema eram pessoas indicadas por agentes políticos: familiares, correligionários de partidos políticos, namoradas e companheiras de gestores públicos e de diretores das organizações sociais.
O montante dos recursos públicos federais desviados por meio das fraudes chega a R$ 18.345 milhões. Contudo, segundo a Polícia Federal, o dano aos cofres públicos pode ser ainda maior, pois os desvios continuaram a ser praticados mesmo após a deflagração de outras fases da Operação Sermão aos Peixes.
A relação entre a administração pública e empresas terceirizadas foi usada para viabilizar os desvios, como apontou a PF no relatório da operação.