Celulares de deputados são clonados e políticos sofrem golpe

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Folha.com

Arthur Maia (PPS-BA), relator da reforma da Previdência, teve seu celular clonado BRUNO BOGHOSSIAN LAÍS ALEGRETTI DE BRASÍLIA

Em um dia de atividade parlamentar intensa na Câmara dos Deputados, os números de celular de pelo menos dois deputados governistas foram clonados por pessoas que enviaram mensagens a outros políticos para pedir dinheiro.

A mensagem causou confusão no grupo de WhatsApp da bancada do PSDB na Câmara, e um parlamentar chegou a fazer uma transferência no valor de R$ 5 mil, segundo políticos ouvidos pela Folha.

O relator da reforma da Previdência, deputado Arthur Oliveira Maia (PPS-BA), teve que deixar o prédio do Congresso Nacional, entre várias reuniões, para ir até uma operadora de telefonia na noite desta quarta-feira (26). Por volta das 19h, quando as atenções estavam voltadas para a votação da reforma trabalhista do presidente Michel Temer, o celular dele disparou a seguinte mensagem aos contatos do WhatsApp: “Alguém usa Banco do Brasil, pelo aplicativo do celular ou pelo computador?”.

Pelo número do celular do deputado tucano Marcus Pestana (MG), foi enviada uma mensagem com o mesmo conteúdo. Em seguida, o responsável pela clonagem dizia aos contatos que havia excedido o limite diário de transferência e precisava do apoio dos colegas.

“Meu limite diário [é] de 10.000,00, como fiz transferência pela manhã nesse valor, tá excedido, só consigo agora depois de meia noite”, escreveu. “Preciso transferir 5.000 agora, consegue fazer pra mim, mais tarde assim que o limite retornar te transfiro de volta.”

Parlamentares relataram que o deputado Luiz Carlos Hauly (PSDB-PR) enviou aos colegas, pelo aplicativo, o comprovante da transferência, no valor de R$ 5 mil, para uma conta com o nome de Évelyn Santos. A imagem foi mostrada à reportagem, sob a condição de que não fosse reproduzida.

Nesta quinta-feira (27), Hauly disse que foi “avisado” e conseguiu “se safar” a tempo do golpe, sem detalhar como teria conseguido reverter a situação. Ao ser questionado, por telefone, sobre o que ocorreu, o deputado informou que não gostaria de comentar o assunto.

A assessoria de imprensa de Arthur Maia informou que, no caso dele, não houve tempo de os bandidos enviarem mensagens com o pedido de empréstimo. Ele bloqueou o telefone e conseguiu, em cerca de 30 minutos, enviar um esclarecimento aos contatos do WhatsApp para alertar que tinha sido vítima de um golpe.

Depois do ocorrido, os dois parlamentares acionaram a Polícia Federal, que foi até a Câmara e informou que irá investigar o caso.

“Apresentei uma notícia-crime e a Polícia Federal vai investigar o caso”, disse Marcus Pestana. “Situações como essa mostram a fragilidade e a exposição involuntária a que todos nós ficamos submetidos nesse mundo digital.”

A Folha entrou em contato com a assessoria de imprensa da Polícia Federal e aguardava uma resposta até a última atualização desta reportagem.