Canais com temática cristã ultrapassam a casa de milhões de seguidores e alcançam um segmento que movimenta mais de R$ 21 bi ao ano
Engajamento, fidelização, frequência e milhões de inscritos. Esses elementos que já compõem métricas importantes na hora de considerar uma ação com um youtuber, estão cada vez mais presentes em produtores de conteúdo cuja temática é a fé. Alguns canais com temática cristã se igualam a youtubers famosos e passam a chamar a atenção em um mercado de produtos evangélicos que movimenta mais de R$ 21 bilhões ao ano, de acordo com a Associação Brasileira de Empresas e Profissionais Evangélicos.
João Rego, professor de marketing digital da FGV, explica que diante de uma discussão sobre conteúdo seguro e “Family friendly”, os youtubers com temática cristã se mostram como uma boa opção. “No Brasil, os evangélicos já correspondem em alguns estados a mais de um terço da população e, com exceção de bebidas alcoólicas, são consumidores importantes”, diz Rego.
Ele analisa que os segmentos mais promissores e relacionados a esse público são seguros (vida e casa), alimentos, cosméticos, automotivo (carros maiores) e turismo (em família). A grande questão, no entanto, é como esse mercado está se profissionalizando. “Já tem gente se movimentando no mercado e percebe o espaço, a MK Music por exemplo ( líder no segmento de música gospel ), está lançando uma publisher com portal de conteúdo conservador não religioso ativista ( o nome do portal é pleno.news ) em junho de 2017, justamente para trabalhar a mídia programática para se tornar uma opção tão buscada pelos anunciantes”, diz Rego.
Ele reforça, no entanto, que o fato de o conteúdo envolver fé, faz dele uma dinâmica totalmente diferente de outras formas de conteúdo. “Chancelar uma marca ou produto tem diversas implicações para seu sponsor, ele tem de entender que ele será cobrado à frente caso essa marca se envolva em alguma polêmica com os temas da pauta conservadora hoje já tão controversos pela mídia secular”, diz Rego. Muitos cantores gospel, como Bruna Karla, Aline Barros e Pamela, são relevantes e influentes na plataformas, por meio de seus conteúdos musicais, coberturas de eventos e até alguns vídeos temáticos. Mas ainda estão começando a avançar no formato clássico de YouTube como influenciador.
Francisco, o Papa influenciador
Não é só a igreja evangélica que entende o poder das mídias sociais. A Igreja Católica e o movimento de renovação iniciado pelo papa Francisco tem feito isso em multiplataforma. Além do Twitter e Instagram, Francisco chegou a fazer um Ted, em maio, após alguns meses de negociações. “O papa Francisco, de fato, deve ser reconhecidamente louvado pela forma com que consegue articular a evangelização por meio das modernas mídias que hoje existem”, diz Luiz Claudio Braga, assessor eclesiástico da Pastoral da Comunicação da Arquidiocese de São Paulo (Pascom), responsável pelas redes sociais da Arquidiocese e pelo jornal São Paulo.
Segundo Braga, existe no Vaticano um secretariado, criado em 2015 pelo papa Francisco, que denomina-se “Secretaria da Comunicação”. “Ao novo Dicastério da Cúria Romana foi confiada a tarefa de reestruturar inteiramente, por meio de um processo de reorganização e de incorporação, todas as realidades que, de vários modos, até hoje se ocuparam da comunicação, para responder cada vez melhor às exigências da missão da Igreja». De tal modo pretende-se reconsiderar o sistema comunicativo da Santa Sé.”