terça-feira, outubro 22, 2024

COORDENADOR QUE RASPOU CABEÇA DE CRIANÇA VAI SER INTIMADO

Polícia

Vem tendo forte repercussão no Maranhão o caso de um estudante de 12 anos da cidade de Vitorino Freire que teve a cabeça raspada pelo coordenador disciplinar da escola identificado como Adriano Martins. O caso ocorreu no ‘Colégio Municipal Cleonice Rosa Lima Rodrigues’, que segue o padrão militar de ensino. O que chamou atenção no ocorrido foi a suposta conduta, em tese ilícita, praticada pelo coordenador, o qual raspou o cabelo do aluno sem o seu consentimento, submetendo-o à uma situação vexatória.

De acordo com informações, no dia do ocorrido houve um procedimento de vistoria aos alunos, em que é analisado o corte de cabelo e o fardamento deles. O aluno em questão não se encontrava nos padrões exigidos, pois havia cortado o cabelo no 1 nas laterais e no 2,30 na parte de cima do cabelo. O regimento interno da escola exige que todo cabelo fique no mesmo número. 

Na manhã do último sábado (28) começou a repercutir o vídeo do coordenador da escola se justificando do ato. “Nosso trabalho é vistoriar os alunos quanto às suas vestimentas, porque assim a regra exige. Todas as cobranças que partem de nós estão previstas em nosso estatuto e no nosso regimento.”, disse o coordenador Adriano. 

No vídeo ele ainda afirma que várias ofensas e acusações falsas estão sendo feitas contra ele, muitas das quais supostamente não condizem com o que realmente aconteceu. Adriano disse também que, ao contrário do que a foto mostra, o rapaz não teve o cabelo raspado no zero, mas sim, no 1 e a impressão do corte ser mais baixo de deve pelo fato do menino “ser branco, loiro e de cabelo liso”

“Não houve bullying, pois durante o intervalo o aluno voltou para a aula normalmente, participando, sorrindo e interagindo com outros alunos. Meu objetivo sempre foi proporcionar o bem a todos os alunos”, finalizou o coordenador no vídeo. Veja abaixo as declarações de Adriano:

Acontece que após a repercussão do caso, um áudio do aluno contando o ocorrido também começou a repercutir, apresentando uma versão diferente.  

“Eles mandaram eu sentar na cadeira e tirar a camisa. Pensei que iam só aparar o cabelo. Aí quando eu sai, ele mandou eu ir para o banheiro para me limpar do cabelo que tinha em mim, mas quando olhei no espelho, minha cabeça estava raspada. Daí comecei a chorar […] Já disse para minha mãe que não quero voltar lá e prefiro entrar em outra escola”, disse o garoto. 

Um outro aluno teria sido exposto à mesma situação vexatória. A informação foi dada pelo rapaz em um depoimento à Polícia Civil. A coordenador também foi intimado a prestar esclarecimentos.

Envolvimento do Ministério Público

Por conta da denúncia por escrito encaminhada pelo Conselho Tutelar Local, o Ministério Público, através da 2ª Promotoria de Justiça de Vitorino Freire, começou a ficar atento no caso e está acompanhando diretamente o ocorrido.

Assim que tomou conhecimento dos fatos, a Promotoria de Justiça imediatamente instaurou procedimento determinando a realização de diligências, as quais aguardam respostas da Secretaria Municipal de Educação, da Direção da Escola Municipal, e da Polícia Civil, sobre as providências cabíveis em relação ao caso.

Cabe destacar que a escola é do município e não é exatamente um colégio militar, mas apenas é conhecida dessa forma. Instituições de ensino militares tem uma forma diferente de proceder nesses casos, enviando notificações e advertências para os alunos, inclusive informando os pais com antecedência.  

Leia abaixo a nota da Prefeitura de Vitorino Freire