Deputados protocolam pedido de criação de CPI da JBS na Câmara

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Pedido foi referendado com 189 asssinaturas validadas, das 208 apresentadas

O Globo

JBS, no Paraná – Ueslei Marcelino / REUTERS

BRASÍLIA – Parlamentares da bancada ruralista se mobilizaram e apresentaram nesta quarta-feira requerimento para criação de uma CPI com “a finalidade de investigar as doações de campanhas feitas pelo Grupo JBS. O requerimento foi protocolado pelo deputado Cabo Sabino (PR-CE). Os parlamentares pedem a investigação das “doações de campanhas feitas pelo Grupo JBS, bem como os contratos junto ao BNDES, os crimes contra o sistema financeiro, evasão de divisas e a ingerência do referido grupo junto ao CADE. O pedido foi referendado com 189 asssinaturas validadas, das 208 apresentadas. Para pedir uma CPI, são necessárias pelo menos 171 assinaturas.

A Comissão será composta por 15 membros e terá 120 dias de prazo, prorrogáveis por igual período. Os parlamentares dizem que a JBS abasteceu as campanhas eleitorais de 1.829 candidatos de 28 partidos das mais variadas siglas, segundo as delações da cúpula da JBS.

Acuado, o presidente Michel Temer chamou a bancada do PMDB no Senado e discutiu nesta quarta-feira no Palácio do Planalto uma reação do Congresso à delação da JBS. A mais importante é a instalação da investigação parlamentar contra a empresa.

No encontro, houve duras críticas à atuação do Judiciário e à resistência do líder do partido no Senado, Renan Calheiros, em relação às reformas previdenciária e trabalhista. Temer voltou a se defender das acusações e reafirmou que “jamais” cogitou renunciar.

Um dos presentes no encontro resumiu o tom como “apoio ao governo e caça ao Renan”. Segundo um assessor, a linha de defesa do presidente, que consiste em atacar a “gravação clandestina”, foi interpretada por congressistas como um recado: com grande número de parlamentares investigados, eles também podem ser pegos de surpresa. O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, foi criticado, e o Poder Judiciário foi chamado de “tirano”.

 

A reunião teve a presença de 18 dos 22 senadores peemedebistas. Este é o primeiro encontro com uma bancada de parlamentares no Palácio do Planalto desde a divulgação da conversa de Temer com Joesley Batista. Ficou acertado que haverá uma reunião no próprio Senado para avaliar se Renan será sacado da liderança. O líder do governo na Casa, Romero Jucá, foi um dos que ressaltaram esse desconforto: ele teria dito que Renan é seu amigo, mas que a posição de Calheiros chegou a um nível prejudicial. Horas depois, Renan e Jucá tiveram um embate áspero na tribuna do Senado.

Ao fim de mais de quatro horas de reunião, Temer brincou com a bancada do PMDB no Senado:

— Até dezembro de 2018 — riu, citando o período do fim do seu mandato, mostrando que pretende cumpri-lo integralmente.