Às vésperas de manifestação de seus apoiadores pela aprovação de medidas no Congresso, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) afirmou na segunda (20) que “o grande problema do Brasil é a classe política”.
Em discurso na Firjan (Federação das Indústrias do Rio de Janeiro), ele repetiu conceitos da carta que compartilhou na sexta (17) acusando “corporações” de boicotar seu governo.
“O Brasil é um país maravilhoso, que tem tudo para dar certo. Mas o grande problema é a nossa classe política”, disse ele, pedindo apoio do governador e do prefeito do Rio, Wilson Witzel (PSC) e Marcelo Crivella (PRB), respectivamente. “Nós temos que mudar isso “, completou.
Na sexta, Bolsonaro havia compartilhado texto que dizia que o Brasil é “ingovernável”, já que o Congresso está a serviço de corporações que se opõem a mudanças.
“Cada vez que eu toco o dedo numa ferida, um exército de pessoas influentes vira contra mim”, afirmou, conclamando os presentes a pressionar seus parlamentares a votar propostas to governo. “Nós temos uma oportunidade ímpar de mudar o Brasil. Mas não vou ser eu sozinho —apesar de meu nome ser Messias— que vou conseguir.”
O texto compartilhado pelo presidente vem sendo usado para incentivar a convocação de apoiadores para manifestações no próximo domingo (26).
Os protestos pedem a aprovação de decretos do governo, como a da reestruturação do Executivo, e da reforma da Previdência.
Em seu discurso, Bolsonaro afirmou que não há crise entre poderes e voltou a criticar a imprensa. “O que há é uma grande fofoca. E parece que lamentavelmente, grande parte da nossa mídia se preocupa mais com isso do que com a realidade e o futuro do Brasil”, disse.
Ele criticou, porém, o ritmo das votações no Congresso, dizendo que a convocação das manifestações de domingo foi mais ágil. “O que mais quero é conversar [com o Congresso]. Mas eu sei que tem gente que não quer apenas conversar”, continuou, sem especificar quem seriam e quais os interesses desses últimos.
Bolsonaro recebeu a Medalha do Mérito Industrial concedida pela Firjan —segundo o presidente da federação, Eduardo Eugenio Gouvea Vieira, por ter editado a MP da liberdade econômica, com medidas para desburocratizar os investimentos.
Em entrevista após a cerimônia, o porta voz da presidência, Otávio do Rego Barros, disse que Bolsonaro ainda não decidiu se participará de manifestações no domingo. Folha de SP