Dos 5.716 motoristas, 4.040 apresentaram acuidade visual alterada
Pesquisa realizada pela concessionária do Sistema Anhanguera-Bandeirantes mostrou que 70% dos caminhoneiros examinados por um programa de saúde nas estradas, em 2016, tinham problemas de visão.
Dos 5.716 motoristas de veículos de carga que passaram pelo exame, 4.040 apresentaram acuidade visual alterada. Os exames mostraram ainda que 86% dos caminhoneiros tinham vida sedentária e estavam acima do peso.
A pesquisa foi feita sobre o resultado de exames realizados no centro de atendimento do Programa Estrada para Saúde, mantido pelo Instituto CCR e pela concessionária CCR Autoban, no km 56 da Rodovia dos Bandeirantes (pista sul).
De acordo com o coordenador médico da Autoban, Mário Jorge de Castro Kodama, o teste de acuidade visual avalia se o motorista identifica corretamente as cores e enxerga bem as letras, condição indispensável para dirigir com segurança.
“De cada dez, sete apresentaram alguma dificuldade, sobretudo para enxergar as letras. Mais raramente, alguns confundiam as cores verde, amarelo e vermelho.”
Conforme o médico, muitas alterações são pequenas e o caminhoneiro não percebe, podendo ocasionar dor de cabeça constante que muitas vezes a pessoa não associa à visão, e que não o impede de dirigir.
Mas também foram detectados problemas de refração mais graves, como miopia ou hipermetropia, em que os motoristas não passariam, por exemplo, no exame para renovar a CNH (Carteira Nacional de Habilitação).
“Em todos os casos, a gente orientou para que fossem a um oftalmologista. Muitos fizeram isso, tanto que, quando passaram outra vez pelo atendimento, já estavam com óculos ou lentes.”
A mesma pesquisa apontou que 86% dos caminhoneiros examinados apresentaram Índice de Massa Corpórea (IMC) alterado, ou seja, estavam acima do peso. Praticamente todos disseram que levam vida sedentária e não praticam atividades físicas.
Segundo Kodama, muitos já apresentavam colesterol alto, hipertensão e diabetes. “São fatores que, combinados, podem causar mal súbito e contribuir para a ocorrência de acidentes.”
O programa Estrada para Saúde funciona desde 2006 junto a um posto de abastecimento, na Bandeirantes e, nesse período, atendeu mais de 100 mil motoristas. De acordo com Kodama, o número de atendimentos vem crescendo: foram 12,7 mil em 2013 e 16,8 mil no ano passado.
“Muitos já se tornaram nossos clientes e voltam com regularidade, às vezes até mudando sua rota para passar pelo exame. A gente sabe que o caminhoneiro é um profissional que tem pouco tempo para cuidar da saúde”, disse.
O centro oferece ainda, gratuitamente, serviços de enfermagem, aferição da pressão arterial, tratamento dentário preventivo, corte de cabelo, cuidados com os pés e mãos e acesso à internet.