BRASÍLIA – No dia em que foi definido o nome do deputado Sérgio Zveiter (PMDB-RJ) para relatar a denúncia contra o presidente Michel Temer, a enquete do GLOBO mostra um aumento dos votos a favor do prosseguimento do caso na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). O placar atual é de 17 votos pela aceitação da denúncia e 5 pela rejeição. Outros 10 deputados se dizem indecisos, enquanto que a maioria, 34 deputados ainda não respondeu.
O GLOBO procurou desde quarta-feira passada todos os deputados e até agora 142 anunciaram voto favorável à denúncia em plenário e 57 contra. Ainda faltam, portanto, 200 votos à oposição para obter os 342 necessários para derrotar Temer na Câmara.
Nesta terça-feira, mais três deputados da CCJ se manifestaram no sentido de que a acusação contra Temer deve ter prosseguimento e não houve aumento entre os apoiadores do presidente. Dois dos deputados que anunciaram voto a favor da denúncia são de partidos da base aliada. É o caso do deputado Rocha (PSDB-AC).
– Votarei pela autorização. Não poderia falar isso antes de ler a petição do MPF, coisa que já fiz e que me convenceu que há elementos suficientes para autorizar – afirmou o tucano, por mensagem de texto.
O número de deputados que manifestam apoio à denúncia em plenário já supera o dos que há pouco mais de um ano se manifestaram contra o impeachment. São 142 os contra Temer enquanto que 137 votaram pela permanência de Dilma.
Já são 22 os deputados de partidos da base aliada que afirmam voto em plenário pelo prosseguimento do caso. A maior parte dos dissidentes declarados está no PSDB, onde até agora nove parlamentares se posicionaram a favor da denúncia e apenas cinco contrários. A maioria dos tucanos, porém, não se posicionou, com 32 deputados indecisos ou que não responderam. As dissidências da base já são registradas também no PR, PSD, PP, SD, DEM e PV.
A maioria dos votos favoráveis a Temer continua concentrada em seu partido, o PMDB, e no PP. Dos 63 deputados peemedebista, 22 já falam publicamente em salvar o presidente, enquanto que os demais não se posicionaram. No PP, são dez votos declarados contra a denúncia. Nem todos os votos, porém, são consolidados.
O presidente Michel Temer foi denunciado por corrupção passiva pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot. A base da acusação é a delação da JBS. Temer indicou a Joesley Batista em conversa gravada por este no Palácio do Jaburu em 7 de março o nome do ex-assessor Rocha Loures como uma pessoa de sua “estrita confiança” para que o empresário tratasse de temas de seu interesse no governo. Semanas depois, Loures recebeu R$ 500 mil em uma mala, sendo filmado em uma ação controlada da Polícia Federal. O pagamento foi feito depois de uma térmica de Joesley ter conseguido um acordo com a Petrobras para o fornecimento de gás boliviano, assunto que gerava disputa entre as empresas no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). Rocha Loures chegou a telefonar para um dirigente do Cade na frente de Joesley, em outra conversa gravada, para tratar da demanda.