Rocinha, zona rural de Peritoró-MA, vem sofrendo bastante com a falta d’água. Com a palavra, os moradores:
“Município de Peritoró enfrentam uma das maiores crises no abastecimento de água da sua história e as autoridades municipais agem com a despliciência. Doutor Júnior, nós estamos com mais de 15 dias aqui sem água, a bomba queimada aqui. Ajuda nós que nós estamos precisando, entendeu? Em vez de você estar gastando dinheiro com festa, bebida e farra, manda uma bomba aí para nós, por favor. As crianças aqui na Rocinha nunca mais estudaram porque não tem água”, (Moradora 1).
“E aqui na nossa Rocinha não tem nem um poço cacimbão para a gente pegar água. A gente vai pegar água nas outras comunidades, entendeu? Um monte de roupa suja aqui que ninguém nunca mais lavou roupa aqui. Quando um vai lavar, é nos açude no mato aí. Nos açude é onde o povo pesca, que a gente vai lavar roupa. Quando a água está sentada, é nos açude. O povo pesca, doutor Júnior, e a gente pede você, encarecidamente, que você tenha piedade de nós, que só você pode resolver esse problema dessa bomba, porque como nós também pode, mas nós não tem dinheiro para comprar uma bomba, porque ninguém tem mesmo, e muito obrigado que você compartilhe com nós”, (Moradora 2).
“Olha, doutor Júnior, manda água pra cá, que nós nem estudamos mais. Mande água, porque aqui não tem nem água”, (Crianças).
“Doutor, tem piedade de nós. Mande água, porque aqui não está tendo nem merenda no colégio com as crianças, não está tendo nem aula. Nós temos que contar com você. Aí você depois vai cobrar de nós. Conta com nós também, que nós lhe ajudaremos. Porque você primeiro tem que ajudar nós, por favor. Tem piedade de nós e dessas crianças, da Rocinha 1”,(Moradora 3).
“Ô, doutor, ajude nós. Nós, as crianças estão sofrendo, nós grandes estão sofrendo, todo mundo. Eu, o povo estão tudo lascados, arrebentados, só de carregar água. Das outras comunidades, que aqui na nossa comunidade não tem água, ó. Tem um balde de pano tudo sujo, porque não tem água pra lavar, pra gente tá lavando roupa, as coisas. Ajude nós, por favor, tem a compaixão”, (Moradora 4).
“Pois é, doutor, ajude nós. Olha, as criancinhas, tão bem com mais de semana que não estuda. As professoras não podem vir dar aula pros bichinhos, porque não tem água pra eles beber. Nem pra banhar, se você ver a qualidade que eles ficam de tarde, tudo pretinho de grude. Que nem as águas dos açudes não prestam pra nós banhar e nem lavar roupa. E nem beber. Na quentura dessa nós estamos, bem dizer, quase morrendo aqui. Sem ter água, sem ter… Água pra gente banhar, pra gastar, pra cozinhar. A água faz até mal a gente. Tem gente aqui que já tá sofrendo, já passando mal, se sentindo fígado inflamado por causa das lama que a gente tá bebendo”, (Moradora 5).
“Idoso, idoso, que não pode nem se locomover pra caçar uma água, que os filhos ficam trazendo aquela água pra botar pra ele sentar pra ele poder banhar, que nem num carro do pau, vê? E a Dona Maria vai fazer o quê? E vambora, prefeito, cuida aí, cadê o progresso? Não chegou aqui na Rocinha ainda não”, (Moradora 6).
“Olha, eu tô comprando água, tô comprando água mineral pra dar pros meus meninos, que são problemáticos, porque eles não podem estar bebendo essas águas, e eu tô comprando água pra eles beberem. E hoje mesmo eu comprei um bujão de água lá pra botar aqui na geladeira pra eles beberem”, (Moradora 7).
“Porque não pode, porque na comunidade de Livramento, São João das Neves, Peritoró, Independência, eles dão cesta básica, dão peixe, dão tudo. E aqui pra Rocinha, parece que quando chega na rua da palha ali, no beco tranca. Peixe, cesta básica, não passa com cesta básica aqui”,(Moradora 8).